Evolução fortalece os sindicatos atuantes e que prestam serviços

No dia 11 de novembro de 2017 entrou em vigor a reforma trabalhista, que determinou que as contribuições passariam a ser facultativas para os sindicatos, uma verdadeira prova de fogo para muitas entidades. Reconhecidos pela grande importância inerente à própria atividade, os contadores tornaram-se também, desde então, peças-chave na conscientização de seus clientes − as empresas −, a respeito dos benefícios de valorizar e fortalecer os sindicatos que trabalham pelos seus representados.

“De fato, no início houve incerteza geral sobre como os sindicatos sobreviveriam às mudanças impostas pela reforma”, diz Leandro Matos, Supervisor de Departamento Pessoal da MG Contécnica, escritório que assessora dezenas de empresas do varejo de alimentos, dentre outras.

“Neste processo de reorganização do modelo sindical, percebemos que em muitos segmentos passamos realmente a ser considerados pelas entidades patronais e laborais como parceiros, com o objetivo claro de aproximar as empresas e empregados dos seus respectivos representantes sindicais”, afirma.

Segundo ele, a reforma trabalhista provocou também algumas mudanças de postura. “A principal foi ampliar o diálogo. Entidades sindicais passaram a ouvir mais seus entes, empresas e escritórios. Empresas e escritórios entenderam que o momento é de dialogar e estão mais atentos às possibilidades de obter melhores soluções com menos conflitos”, analisa.

Para o presidente do SESCON-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo), Reynaldo Lima Jr., o advento da reforma trabalhista e os efeitos financeiros da facultatividade da contribuição sindical estão separando o joio do trigo.

“Com certeza aquele que presta bons serviços e oferece suporte para o desenvolvimento das empresas é mais percebido, mais reconhecido pelo seu trabalho e por fazer a diferença. O sindicato que não for nesta linha certamente em breve fechará as suas portas”, avalia Lima Jr.

“A facultatividade da contribuição vem causando grande impacto nas entidades, e também na nossa, mas estamos buscando conscientizar nossos representados (empresas de contabilidade, assessoramento, perícias, informações e pesquisas) sobre a importância do nosso trabalho para a valorização das categorias e fortalecimento das empresas”, diz o presidente do SESCON-SP.

Segundo Matos, da MG Contécnica, ainda que a lei tenha determinado que as contribuições aos sindicatos não eram mais obrigatórias, a empresa adotou uma postura educativa e neutra frente aos clientes. “A posição do escritório sempre foi de orientação quanto à legislação. Entretanto, também reforçamos que as entidades sindicais, enquanto representantes das categorias econômica e laboral, e quando ativas e participantes dos processos de melhorias das relações trabalhistas, precisam de recursos para sobrevivência e manutenção de suas atividades, fazendo com que patrões e empregados reflitam e avaliem se essas entidades são merecedoras do reconhecimento de sua categoria”, diz Matos.

“O que tem acontecido é que os empresários contábeis alertam sobre a mudança da lei, o que aliás é dever deles, explicando sobre a facultatividade do recolhimento. O que precisa ser trabalhado é exatamente esse esclarecimento sobre o que o negócio ou a categoria podem perder com o não pagamento e consequente enfraquecimento do seu sindicato”, afirma Lima Jr., do SESCON-SP.

Hoje a percepção é que os sindicatos mais comprometidos em prestar serviços aos seus associados saíram fortalecidos. “Sem dúvida, as entidades comprometidas estão mais sólidas, porque conseguem demonstrar a seus representados que estão trabalhando para tornar melhores as relações de trabalho e, por consequência, também ajudam a otimizar toda a cadeia produtiva do País”, destaca Matos, da MG Contécnica.

Para ele, o futuro da relação entre sindicatos, empresas e contadores é promissor: “A tendência é que os sindicatos estejam cada dia mais presentes na vida das empresas, e os contadores têm papel fundamental neste processo de aproximação e manutenção dessa relação”.

“Passado esse período de turbulência, em que tudo é novidade, de adaptação à nova lei e pacificação de muitos temas, acredito que esse relacionamento só tende a melhorar”, reforça o presidente do SESCON-SP. “Um dos avanços importantes da reforma trabalhista foi a prevalência do negociado sobre o legislado e isso aproxima esses entes, preza o diálogo, fortalece o sindicato e isso será percebido ainda mais com o tempo, o que fará empresas e empregados contribuírem, por que percebem o trabalho e o benefício de todo o esforço”, completa.

 

MAI/19