29 de março, 2024

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Mercados de bairro podem se destacar reforçando seus diferenciais

As lojas de vizinhança das grandes redes proliferam em algumas capitais, exigindo dos tradicionais mercadinhos de bairro uma adaptação a esses novos tempos, de competição acirrada, que pode até parecer desigual, dependendo do ponto de vista, mas não é assim que os especialistas pensam.

Os pequenos varejos possuem várias vantagens frente à concorrência com as lojas express que precisam ser exploradas, o que pode lhes garantir mais que a sobrevivência, uma atuação forte e saudável, ainda que o concorrente, não raro, esteja a um quarteirão de distância. Localização privilegiada, proximidade com o público, agilidade nas decisões, conhecimento sobre as preferências dos consumidores e a própria estabilidade econômica, que desmotiva as chamadas “compras do mês”, são algumas delas.

“O dono do mercadinho deve, antes de mais nada, entender que precisa mudar a maneira de vender e atender. Isso passa por identificar o perfil de compra, modernizar as instalações, agilizar e propor mais comodidades, melhorar o mix de produtos, inclusive agregar novos itens em razão de mudanças de hábitos de compra, além de negociar muito bem com os fornecedores”, afirma Marcelo Viana, diretor da T4 Consultoria.

“Eu diria que outros diferenciais são o atendimento olho no olho, conseguir escutar e dar atenção sobre uma sugestão ou crítica e fazer acontecer. Na variedade, pontos a destacar são as marcas menos conhecidas, mas com qualidade e preços mais baixos, e a possibilidade de ter produtos mais frescos, devido à cadeia de suprimentos mais simples, já que estes estabelecimentos menores não contam com um centro de distribuição”, reforça Viana.

Competir com as grandes redes em preço é muito difícil, reconhece José Eduardo Carrilho, consultor do Sebrae-SP. Por isso, na opinião dele, “os pequenos varejos devem apostar em um mix de produtos enxuto e customizado, adaptado ao local onde se encontra e que atenda ao público de forma personalizada”.

Carrilho valoriza ainda a proximidade com o cliente como um trunfo desses estabelecimentos. “As redes maiores são impessoais, tratam todos em bloco, sem distinção. O mercadinho de bairro pode e deve fazer diferente. Temos exemplos de comércios locais que conseguem interagir com a comunidade na qual estão inseridos, a ponto de fomentar experiências de consumo e cumplicidade únicas. A participação direta e diária do proprietário, tomando decisões rápidas que valorizam a equipe e os fregueses, cria laços e fideliza a relação comercial. A agilidade, rapidez e eficiência são inerentes ao pequeno”, reforça o consultor do Sebrae-SP.

“O cliente agora tem uma ‘régua cada vez mais alta’, ou seja, está muito mais exigente. Ele quer lojas limpas, bonitas e com boa variedade, e vai escolher quem fizer mais por ele”, explica Marcos Hirai, sócio-diretor da GS&BGH, empresa especializada em expansão em pontos comerciais do varejo.

“Não devemos esquecer que até as lojas grandes têm problemas, pois o atendimento é frio, há grande rotatividade e a interação com o consumidor não é o forte dessas equipes. Se tem o dono e a família em um pequeno mercado, com um salão impecável, chamando os clientes pelo nome, e um diferencial como um açougue, peixaria, hortifrúti ou padaria, isso ganha a preferência deles, porque alia qualidade e personalidade”, analisa Hirai.

Para o especialista, o cenário às vezes é pintado como se fosse o fim do mundo para os mercadinhos tradicionais, mas cada formato tem seu valor. “Se a concorrência vem chegando, é preciso levantar a cabeça, provocar mudanças, buscar melhorar e ganhar a preferência do público. Nada muda se o empresário não se mexer”, reforça o consultor da GS&BGH. “Até o pãozinho é mais gostoso quando o ambiente é agradável.”

“Independentemente do número de check-outs, um mercadinho pode ser bem competitivo frente às lojas de bandeiras express de grandes players e também frente a atacarejos, não entrando na guerra de preços com os mesmos. Loja pequena não é sinônimo de inferioridade”, avalia Frederico Gorgulho, sócio consultor da Supermercado em Foco Consultoria e Treinamento.

“Indiscutivelmente, o grande trunfo da loja de vizinhança sempre foi e continuará sendo o atendimento e o vínculo com o cliente no dia a dia. Garantir uma experiência de compra agradável e feliz para o shopper é uma grande arma contra a padronização ‘engessada’ e às vezes fria, oriunda das grandes redes”, destaca Gorgulho.

Para o consultor da Supermercado em Foco, as pessoas estão muito exigentes e os estabelecimentos precisam acompanhar essa nova realidade. “É imprescindível que a loja tenha uma boa gestão, ou seja, uma operação sincronizada. É preciso dar atenção ao sortimento de produtos adequado, ao treinamento da equipe, à qualidade do setor de perecíveis, manter o piso de loja organizado, precificado, limpo, iluminado e sempre abastecido, além de oferecer serviços como entrega, nem que seja de bicicleta, para minimizar custos”.

 

Atendimento nota 10 – A falta de recursos, segundo os consultores entrevistados, não pode ser desculpa para os pequenos varejos pararem no tempo. “Se antes era aceitável, por falta de opção, frequentar uma loja desarrumada, escura, com ambiente ou banheiros sujos, hoje isso é condenado pelo consumidor, cada dia mais exigente”, avisa Marcos Hirai, sócio-diretor da GS&BGH.

“Cada visita que o cliente faz à loja é uma experiência única de consumo, uma oportunidade nova de surpreendê-lo. Por isso, se não há muito recurso financeiro, a prioridade deve ser o bom atendimento. Devemos entender o varejo como sendo algo mais que a atividade comercial propriamente dita, é uma prestação de serviços personalizada. Atender pessoas é uma arte, e isso pode ser aprendido e aperfeiçoado”, diz José Eduardo Carrilho, do Sebrae-SP.

“Há diferenciais que não custam, como simpatia, profissionalismo, eficiência, agilidade, atenção e empatia e ainda são um enorme diferencial competitivo. Não esqueça que é muito importante a valorização de sua equipe, pois quando você coloca seus funcionários em primeiro lugar, eles colocam os clientes em primeiro lugar também. É fundamental que eles saiam da loja com a sensação de que a visita foi agradável e sintam vontade e prazer em voltar”, completa Carrilho.

Nessa jornada de transformação do segmento e dos próprios hábitos de consumo, também é importante que o empresário busque informação e conhecimento, na opinião de Frederico Gorgulho, sócio consultor da Supermercado em Foco Consultoria e Treinamento. “Acompanhe as notícias, tendências e índices do varejo supermercadista divulgados pelas organizações do setor, além dos portais conceituados na internet, revistas e feiras da área. O empresário do segmento tem que sair na frente, deixar de correr atrás, tendo uma gestão baseada em números e uma visão capaz de antecipar o que o consumidor deseja para o futuro”, conclui.

 

MAI/19

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