18 de abril, 2024

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Análise: ‘mais gestão e liderança política, menos ideologia e redes sociais’

Para cientista político, período de 100 dias do governo Bolsonaro foi marcado por intensa atividade política nas redes sociais e pouca liderança do presidente

 

Rodrigo Prando*, O Estado de S.Paulo.

 

O governo de Jair Bolsonaro completou, há pouco, 100 dias. Como não poderia deixar de ser, as avaliações – de especialistas e da mídia em geral – pulularam em jornais, revistas, rádios, televisão e sites. Quantitativamente, das 35 metas previstas para esses 100 primeiros dias, foram cumpridas totalmente 18 e parcialmente 17.

O número, por si só, não é ruim, mas, aqui, prepondera o aspecto qualitativo. Os principais projetos do governo, que, por assim dizer, aquilatam a administração, são oriundos dos ministros simbólicos: Paulo Guedes e Sérgio Moro – o primeiro liberal e que toca a reforma da previdência; o segundo, ex-juiz, que apresentou pacote anticrime. Nos dois casos, nada ainda pode ser comemorado, ambos em compasso de espera.

No geral, portanto, as avaliações destes 100 dias foram negativas, mais pela insistência de Bolsonaro, filhos e alguns ministros de manter o clima de campanha eleitoral e, com isso, se comunicando com um público que já lhe é cativo, os bolsonaristas nas redes sociais. A impressão, corroborada por fatos e dados, mostra intensa atividade nas redes e pouca liderança política do presidente.

Só depois de ver sua popularidade cair, de rusgas públicas com Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e com a expressão positiva do vice-presidente, Hamilton Mourão, é que Bolsonaro parece, por ora, ter amainado sua ação virtual e se concentrado no mundo real. Reunir-se com os presidente dos partidos foi um primeiro passo, outro, na direção de uma agenda positiva, foi a apresentação de 18 atos para comemorar os 100 dias de Governo.

Há, nestes atos, temas mais relevantes e outros desimportantes. O chamado “revogaço” anulará 250 decretos entendidos como sem eficácia ou com sua validade prejudicada. Mas, no campo de temas importantes, volta à baila o projeto de lei que será enviado ao Congresso objetivando estabelecer a autonomia do Banco Central. Mais um que chama atenção: dispensar o uso dos termos “Vossa Excelência” e “Doutor” sendo substituídos pelo de “Senhor” e “Senhora” para as autoridades da administração pública. No Brasil, com forte presença de mentalidade aristocrática e senhorial, é uma ação interessante.

Tomara que, doravante, a agenda positiva predomine, seja com acertos ou equívocos, mas que esteja presente no horizonte governamental. Na campanha, havia o slogan: “Mais Brasil, menos Brasília”; que nos próximos meses tenhamos “Mais gestão e liderança política e menos ideologia e redes sociais”.

Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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