29 de março, 2024

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Novos desafios e boas expectativas aguardam o setor varejista em 2020

Guilherme Dietze, da FecomercioSP

Fim de ano é o momento de vender, bater as metas, fechar mais um ciclo e, principalmente, planejar. Ainda que a economia não tenha engrenado como se esperava, os resultados das vendas do setor supermercadista já são melhores em comparação com os períodos anteriores.

Somem-se a isso expectativas de que 2020 proporcione um ambiente positivo para os negócios, com iniciativas que garantam mais emprego, renda e desenvolvimento.

Isso significa que o Ano Novo trará mais trabalho, mas também esperança a quem atua no segmento, sempre exigindo certa dose de cautela, na opinião de especialistas em Varejo consultados pelo boletim Supernotícias Sincovaga, que opinam sobre as principais tendências na economia e no comércio.

“Estamos otimistas, porque apesar da massa enorme de desempregados, estamos gerando cerca de 1 milhão de empregos formais este ano, fora os informais, o que injeta recursos na economia, além do 13º salário e da liberação do PIS e do FGTS. Se as famílias têm emprego e incremento de renda, gastam mais, até no crédito, e isso é positivo no longo prazo, pois de forma sustentável e estrutural vai resultar em aumento do consumo”, analisa Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP.

“Acreditamos que em virtude desse cenário e das expectativas, o segmento de supermercados vai bater recorde este ano e também em 2020. Risco político causa temor, mas é algo que impacta todos os setores, não somente o varejo de alimentos”, diz.

“Economia e política andam de mãos dadas no Brasil. Uma responderá aos desdobramentos da outra em 2020, principalmente no que se refere às reformas da Previdência e Tributária, e há motivos para crer que alguns dos principais indicadores macroeconômicos (inflação e taxa de juros) ficarão estáveis”, diz Cesar Akira Yokomizo, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão de Negócios e Gestão Estratégica da Inovação do Centro Universitário Senac.

Para o especialista do Senac, com a taxa de desemprego em queda, mas ainda em alto patamar, e os bons indicadores de investimento, porém insuficientes para uma aceleração do crescimento, o varejista pode até pensar em otimizar sua operação e expandir o negócio, mas deve preferir contar com suas condições internas.

Para Dietze, da FecomercioSP, o principal desafio imediato, mas que pode vir a se estender no Ano Novo para o supermercadista é a variação cambial, por que está brusca, crescendo até 10% em uma semana. “Isso aumenta os custos em uma operação cuja margem é baixa e a concorrência é grande. Nesse momento, a saída é buscar fornecedores que consigam diminuir esse preço e aumentar a oferta. O consumidor está mais propenso a conhecer novas marcas, fora das tradicionais. É essencial oferecer produtos mais baratos, que caibam no orçamento dele, evitando esse impacto negativo do dólar.”

Cesar Akira Yokomizo, do Senac

O aumento do câmbio impacta vários produtos, de higiene e limpeza a pescados e trigo, mas os preços dos itens de Natal podem sofrer menos, já que as compras tradicionalmente são feitas a partir de setembro e outubro.

Outro ponto que o especialista da FecomercioSP destaca como estratégia para o varejista incrementar as vendas em 2020 é oferecer mais opções de pagamento ao cliente, escolhendo a maquininha certa para o seu negócio, tirando proveito da verdadeira guerra entre as instituições financeiras.

“Esta é uma briga que pode favorecer o estabelecimento, se ele vende mais no crédito, à vista ou parcelado para o seu público, cada máquina tem uma taxa diferente, dependendo da modalidade. Vale pesquisar, sobretudo para os pequenos mercados”, avisa.

Com mais segurança no emprego e renda maior é natural que as pessoas se sintam mais confiantes em consumir. “A taxa Selic deve fechar o ano em 4,5%, o menor patamar do ano. O reflexo é que os bancos, acomodados em aplicar o seu dinheiro em títulos públicos e renda fixa, agora terão de rentabilizar o negócio, oferecendo mais crédito no mercado”, explica Dietze, da FecomercioSP. “Já percebemos um aumento de até 20% em contratação de crédito entre os consumidores, o que é bom para o comércio e ajuda a criar um ciclo benéfico, igual ao da década passada”, reforça.

Além de todo esse cenário complexo, até mesmo para as grandes redes, os pequenos mercados seguirão tendo de lidar também com a concorrência e com outros desafios. “O poder de compra de um grande será sempre melhor que o do pequeno. Eles põem o preço lá embaixo, mas os mercadinhos de bairro viraram conveniência, ou seja, o cliente paga o preço. Por isso é essencial buscar novos fornecedores e oferecer mais opções de pagamento, sem esquecer do fluxo de caixa, que é o dinheiro do dia a dia”, orienta o assessor da FecomercioSP.

“O pequeno nunca pode se acomodar. Tem de estudar o que há de novo e diferente, conhecer os aplicativos para se aproximar do consumidor, e entender como esse novo varejo está funcionando”, alerta o especialista.

 

Clique no futuro – No que se refere à operação do varejo de alimentos, as tendências apontam para uma transformação digital sem volta e sem limites.

“A automação de lojas continuará reduzindo custos ao otimizar processos. E ao contrário do que se pensa, um conjunto de oportunidades poderá ser descoberto, com a centralização de dados, que apoiarão a tomada de decisão em tempo real (conhecer o cliente e oferecer uma oferta diretamente a ele), e novos modelos de negócio (diferentes formas de compra e pagamento)”, exemplifica o professor Yokomizo, do Senac.

Se o desafio continua sendo surpreender o cliente, há duas frentes de destaque, segundo ele. “Há algumas características de um negócio que são geradores naturais de vantagem competitiva, como, por exemplo, localização. Há clientes que compram em um lugar por ser mais próximo ou mais conveniente”, diz.

“No outro extremo, há que se considerar o advento dos negócios em plataformas online. Se no primeiro caso a localização per se gera vantagem competitiva, no segundo caso isso já não acontece. Portanto, é preciso identificar quais são as características que os clientes segmentados mais valorizam (diferenciação), independentemente de a iniciativa ser em uma loja física ou virtual”, afirma.

A partir dessa identificação, segundo o especialista do Senac, será necessário adequar processos atuais para um verdadeiro encantamento do cliente (ou potencial cliente) segmentado e, com isso, valorizar mais a experiência dele.

“Vamos atingir um determinado padrão de consumo em que a ida ao varejo físico tende a caminhar para a experimentação (ponto de degustação, por exemplo) e, nesse caso, a concretização de uma venda não precisará acontecer, necessariamente no meio físico, mesmo que comece ali. E vice-e-versa”, avalia.

A conectividade deu adeus aos folhetos de ofertas em papel e aos cupons de descontos, com a criação dos clubes de vantagens, destaca Dietze, da FecomercioSP. “Os aplicativos vêm conquistando o consumidor nesse sentido e apoiando o varejista, que pode oferecer por meio da plataforma promoções e benefícios pela quantidade de compras, conhecer seu público e a partir daí fazer publicidade, usar o marketing digital com eficiência e baixo custo. Os programas estão mais acessíveis e atraentes também para o público de renda mais baixa.”

“A jornada do consumidor vem se transformando no Brasil. O cliente vive agora conectado e utiliza os meios online e off-line para fazer suas pesquisas e aquisições. Tanto que a junção dos termos físico e digital criou a denominação Figital“, diz a Fabíola Paes, CEO e co-fundadora da empresa de tecnologia para o varejo Neomode, professora da ESPM e no MBA de Varejo e Mercado na USP/Esalq. “Essa mudança de hábito mostra que precisamos integrar os ambientes online e físico para atender às diferentes motivações de uma jornada de compra cada vez mais Figital.”

Com tantas mudanças em andamento, os comerciantes devem ficar atentos para aproveitar as datas especiais e turbinar seus negócios. “Mais do que planejar o estoque, a equipe de vendas e as entregas, agora é necessário pensar em estratégias e saber como ‘juntar’ os pontos de vendas físicos com os meios online em apenas um único lugar. O e-commerce é uma dessas pontas a serem unidas no processo”, analisa a especialista.

“Podemos dizer que em 2020 teremos um consumidor ainda mais conectado e que sairá na frente aquele supermercadista que souber olhar para o seu negócio de modo estratégico, unindo a loja física (PDV) e a loja online e transformando tudo na chamada prateleira infinita, onde o cliente não vê mais distinção entre os pontos e pode pesquisar à vontade, comprando pelo canal que quiser, quanto e quando quiser”, completa Fabíola.

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