29 de março, 2024

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Ômicron põe em xeque o Carnaval e a noção de novo normal

O brasileiro finalmente estava otimista, fazendo planos para aproveitar a flexibilização das atividades e tentando embarcar na retomada da economia, quando surgiu a cepa ômicron do novo coronavírus, trazendo de volta o fantasma das incertezas em relação à retomada da vida normal. A nova onda da Covid-19 ainda trouxe junto a gripe fora de época. Resultado: em 2022, não vai ter Carnaval, pelo menos em março.

Mas esse cenário não é total novidade e já é possível imaginar que as pessoas vão responder a esse repique de pandemia com um novo período de “fique em casa”. “Existe um aprendizado vindo de 2020. O brasileiro já enxerga o período de uma maneira mais prática, seja para o trabalho ou para o lazer”, diz Ligia Mello, sócia da empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo Hibou.

“O brasileiro está repensando a permanência em casa. A maioria das empresas que haviam agendado o retorno presencial ou híbrido para janeiro protelou para meados de fevereiro, aguardando a evolução dos casos de covid-19”, confirma Ligia.

Ligia Mello, da Hibou

Segundo Ligia, que coordenou pela Hibou a pesquisa “Pulso Expectativa 2022”, sobre as expectativas do brasileiro para este ano, a hipervigilância vai se manter. “O ambiente em casa é mais controlado e quase sempre tem espaço aberto, mesmo que uma varanda. Isso incentiva a confraternização. Dos brasileiros que querem voltar para o bar/restaurante, 53% estão preocupados com o distanciamento entre as mesas e 53% têm ciência do uso de máscara e álcool gel para não perder o encontro”, diz.

Acontece que, durante os primeiros anos de pandemia, o consumidor experimentou fazer compras de supermercado via internet e se adaptou muito bem ao formato; na verdade, adorou. Segundo a pesquisa da Hibou em parceria com a Score Group, empresa de data retail e shopper experience da B&Partners, 45% dos brasileiros iniciaram o delivery de mercado durante a pandemia e 80,2% destes pretendem continuar realizando compras dessa maneira nos próximos meses.

 

“É como a pessoa que se acostumou com um carro automático. Ela não vai querer voltar para o câmbio manual. Quando a pessoa passou por uma certa experiência, fica desconfortável em retornar ao padrão anterior”, compara. “Assim é com o varejo. A pandemia não mexeu na direção das mudanças, só acelerou o processo e empurrou as pessoas para um novo padrão de consumo. As pessoas perceberam ser possível se relacionar com o varejo de outra forma.”, afirma Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Consumo).

 

Vendas devem cair

Esse cenário só não traz melhores ventos ao setor supermercadista porque os sinais da economia não são bons. O Ibevar prevê que as vendas de hipermercados e supermercados cairão 0,58% no primeiro trimestre do ano (baixa do índice geral do varejo será ainda maior: de 2,2%).

“O recuo é significativo, e os motivos, conhecidos: a inflação de dois dígitos, que impacta mais nas famílias cuja concentração de consumo é maior em alimentos; a alta taxa de juros na ponta; e a tímida recuperação do emprego. Além disso, a observação que fizemos das redes sociais mostra um contraponto aos dados oficiais, confirmando os resultados pouco auspiciosos do varejo no primeiro trimestre”, explica Felisoni.

O problema, afirma, é que, embora a atual variante seja menos agressiva, traz muita incerteza em relação à economia. “Isso por si só já é ruim. Num ambiente de informações adversas, é muito pior. As condições não são favoráveis ao consumo, e o varejo vai sofrer bastante nesse ano”, anuncia.

Segundo ele, a despeito do resultado ruim estimado para o primeiro trimestre, do ponto de vista do negócio, as mudanças não vão desacelerar. Com isso, o empresário precisa estar mais afeito ao risco, ser mais capaz e mais adaptável para sobreviver a um novo contexto econômico”, comenta Felisoni. “Essa é a noção hoje de inteligência”, resume.

 

Apps e marketplaces

Marcos Guasso, da Compufour Zucchetti

O uso de apps para pronta entrega de produtos para preparo em casa é um exemplo de adaptabilidade do setor. Seu uso tem crescido, inclusive com ampliação do tipo de produto comercializado, revela Ligia. “Por exemplo, tem app que antes só vendia e entregava bebidas e passou a comercializar praticamente todos os itens do churrasco, menos a carne”, diz.

Apesar de não considerar o e-commerce de alimentos prioritário, Ligia afirma que as vendas online continuarão fortes “mesmo com as oscilações da pandemia, que pode promover variações em alguns hábitos nos próximos meses”.

Marcos Guasso, diretor comercial da Compufour Zucchetti, acredita que haverá restrições, mas não na intensidade da primeira onda de Covid-19. “Algumas decisões brandaram as restrições, como a redução de 14 para 7 dias de isolamento, mas a pandemia vai atingir novamente setores impactados lá no começo, como turismo, eventos, bares e restaurantes. Pode ter de fechar de novo”, comenta.

Segundo ele, 2022 também pode sofrer impacto direto dos embates eleitorais. “Decisões de cunho político e não científico podem ser tomadas”, lamenta.

Por isso, Guasso adverte, é tão importante manter os mecanismos de delivery e de e-commerce acionados durante os anos anteriores, quando o setor fez um intenso movimento em busca de conquistar a presença digital. “O fator saúde trouxe essa necessidade e gerou a sensação de comodidade. Isso não retrocede”, garante Guasso.

Para ele, o momento agora é de promover ajustes no site, no aplicativo ou nas modalidades de pagamento. “Tanto em termos de software como de serviços, essa necessidade continua”, afirma. O próprio desempenho da Compufour comprova isso. Em 2021, faturou 30% a mais que em 2020 atendendo empresas de varejo de alimentos e 40% mais na linha de plug-ins.

Guasso lembra ainda da importância que tem sido se tornar parceiro de grandes marketplaces, sobretudo entre os pequenos e médios supermercados. “Eles eliminam o custo de design e de estrutura de TI. Para o pequeno e médio que se associa a esses grandes players, o custo é bem menor, porque ele utiliza a plataforma e as formas de pagamento. Vejo isso muito mais como um novo elo que ajuda do que como um novo concorrente”, avalia.

Para ele, isso também reduz momentaneamente a pressão por investimentos em uma plataforma própria, “mesmo que ela continue sendo desejada em uma perspectiva futura”.

 

Home office e alimentação saudável

Ligia destaca ainda o impacto da permanência do home office sobre os hábitos dos consumidores. “Esse aprendizado, mesmo migrando para o modelo híbrido, vai permanecer na rotina do brasileiro. Durante a pandemia, entre as pessoas que estavam em home office, 59% garantem que se alimentaram melhor em casa. E quando olhamos para 52% que querem cuidar ainda mais da saúde em 2022, com certeza esse foco também trata um olhar mais cuidadoso para a alimentação”, afirma.

Ela ressalta ainda a busca por promoções, que se mantém em alta para 53% dos brasileiros. “Será uma união de desejo x oportunidade”.

 

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