26 de abril, 2024

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Ruptura e controle de estoque são desafios adicionais na pandemia

Em tempos de Coronavírus, o ajuste fino no controle de estoque pode definir a sobrevivência ou a morte de um pequeno supermercado. Isso porque, sem ele, a curva de frustração do consumidor com a falta do produto desejado na gôndola, a chamada ruptura de estoque, cresce dia após dia e o afasta da loja.

E, em plena pandemia, o índice médio de ruptura no varejo cresceu, segundo levantamento da empresa de suplly chain Neogrid: saiu de 11,3% em 11 de março para 12,7%, em 9 de maio. A preocupação das pessoas com a prevenção contra o vírus refletiu em categorias como álcool e antisséptico para as mãos. Em maio, a ruptura do item álcool para limpeza, por exemplo, batia 35,17%, com 27,1% a mais em relação a fevereiro (antes da pandemia) e um aumento de vendas de 219,7% sobre a fase pré-quarentena. O álcool em gel, por sua vez, ainda registrava na mesma data 42,7% de ruptura e uma redução de 40,7% no estoque à disposição do consumidor.

Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores

Itens de higiene e limpeza que tiveram destaque no início do isolamento social, como o papel higiênico, são o retrato da atenção que se deve ter a situações bem pontuais típicas em meio à pandemia: registrou em maio queda de 14,8% nas vendas, o que refletiu em uma ruptura menor (de 11,7%, portanto, abaixo da média).

A primeira dica naquela época foi tirar do piloto automático as ferramentas digitais de reposição e os desníveis de curva dos seus softwares de análise logística. Isso porque ficou claro que eram comportamentos anormais, lembra Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores. “Na história das pandemias, existe um conforto irracional para alguns itens. Com o H1N1, foi a água. Nesta, o papel higiênico”, pondera.

Robson Munhoz, vice-presidente da Neogrid, lembra que isso já era previsto na segunda quinzena de março, início da quarentena, mas, mesmo assim, trouxe grande mudança para o varejo. “O pequeno normalmente trabalha com um horizonte de compras de 30 dias. Estamos saindo dessa era. A pandemia impôs uma nova realidade: a visão agora é de uma semana. E, sem tecnologia, agir dessa forma será impossível e o erro será maior, comprometendo o pequeno capital de giro para comprar aqueles produtos que o consumidor realmente quer na loja”, afirma.

Junto a isso, há um novo fator: o medo das pessoas. “Se você não colocar alguém do lado dos carrinhos com álcool gel para higienizar, muitos saem mais rápido ou vão embora e compram pela internet”, atesta Munhoz. Segundo ele, os consumidores estão mais certeiros nos itens que querem comprar e, com recursos reduzidos, o comerciante precisa ser muito assertivo no que vai adquirir.

Robson Munhoz, vice-presidente da Neogrid

A dica é prestar muita atenção nos movimentos rápidos de mercado e decidir o que vai repor. “A busca por farinha de trigo, por exemplo, aumentou absurdamente, porque é um artigo de base para fazer pães e massas, tendências de quem está confinado pela quarentena. Esses hábitos rápidos de mudança estão exigindo que o empresário seja muito sagaz e veloz nas suas decisões, inclusive ofertando itens afins, como fermento fresco, que não é em todo lugar que se encontra, ou a própria máquina de pão”, revela Munhoz. “É fundamental acompanhar de perto as tendências e saber que do jeito que elas vêm, elas vão. Mas pode fazer sentido se ele possui uma marca forte na vizinhança e capacidade de vender coisas que talvez nunca tenha oferecido”, concorda Ana Paula.

É fundamental ainda se reinventar. “Uns varejistas mais atentos mudaram o layout das lojas colocando acesso rápido aos produtos com maior apelo momentâneo. Até porque percebem que o consumidor com pressa não aceita ficar buscando os artigos no fundo da loja e nem tendo de encarar itens supérfluos”, diz Munhoz. Segundo ele, alguns supermercados passaram a oferecer os produtos no carrinho, formando kits prontos. “Obviamente que isso requer espaço para fazer, mas a mudança de layout, a ambientação e a criatividade serão cruciais nesse período”, garante.

 

Redes de compras

Segundo o consultor Sebastião Campos, da Prime Assessoria, os supermercados podem minimizar os impactos de rupturas no abastecimento pontual se estiverem vinculados a uma rede de compras. “O apoio integrado do centro de compras, que é informatizado e conhece o histórico dos produtos de maior giro, é uma alternativa inteligente para evitar rupturas de abastecimento. É também um caminho interessante e prático criar o hábito de fazer checklists diários nas prateleiras e no estoque físico no final do expediente”, comenta.

Segundo Ana Paula, o pequeno varejista também tem que olhar para as categorias que vende de formas diferentes. “Pode-se vender pelo digital e faturar o pedido para só depois fazer a compra, mas é preciso ter parcerias comerciais que entreguem o produto”, afirma. Segundo ela, “para o pequeno sobreviver vai ter de reconstruir seu ecossistema e fazer boas parcerias: no fornecimento, no bairro e com outros pequenos varejos complementares”.

Campos recomenda aos lojistas menores, que ainda fazem um atendimento familiar usando caderninho de compras e sem controle informatizado de entradas e saídas, a investir em um sistema de retaguarda que organize as estruturas de dados básicos. “Existem vários sistemas baratos e até gratuitos que dão o mínimo de suporte para evitar rupturas pontuais de abastecimentos. Sem isso, é preciso fazer checklist nas gondolas x estoque físico diariamente”, afirma.

“Já os minimercados requerem mais atenção por parte dos lojistas para evitar dissabores com desabastecimentos e comprometer o tíquete médio e o fluxo de caixa da loja”, completa o consultor da Prime.

 

 

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